quarta-feira, dezembro 22, 2004

Cupid



Se olharmos com suficiente atenção para qualquer coisa da vida corremos sérios riscos de deparar com a fatal realidade da sua futilidade. Quando a própria vida é intrinsecamente inconsequente (pelo menos para as mentes inteligentes, modestas e corajosas que admitem não estar cá “por uma razão”) é quase paradoxal encontrar alguma acção com sentido! Mas então o que nos impede de viver superficialmente, comida, sexo e almofada, ou até mesmo de cometer o suicídio? Afinal vamos todos morrer na mesma…
A questão é que, apesar de inconsequente, a vida é mesmo muito boa! Ou pode ser, se seguirmos uma determinada linha filosófica personalizada. E por mais que os percursos que trazem felicidade a cada indivíduo se distingam conforme a genética pessoal, convergem sempre na mesma linha comum: o amor. Estou plenamente convencido de que qualquer vida desprovida de vertente amorosa é necessariamente cinzenta e aborrecida, levando o utilizador a um estado de insatisfação que o impede de usufruir adequadamente das restantes maravilhas da sua existência.
Dito isto, torna-se clara a razão pela qual cada vez mais pessoas põem a sua vida amorosa acima das amizades ou até da carreira profissional. E é apenas legítimo que assim seja! Diria mesmo que aqueles extraviados que se habituam a um estado de solidão sentimental entram numa situação psicologicamente perigosa que está assustadoramente próxima da degeneração em depressões profundas. Por outro lado, nunca conheci um romântico incurável que fosse infeliz! Acontece ficarem tristes, mas a tristeza é uma emoção passageira; a sua vida é sempre pautada por linhas berrantes de felicidade!
Façam o que entenderem quanto às opções pessoais de vida que vos trazem felicidade, matem ou salvem, pintem ou escrevam, gritem ou cantem, mas vivam sempre em função do amor! Porque não é qualquer sonho que comanda a vida, é preciso ser um sonho assim tão bom. E com o sonho do amor não conseguimos dar significado à totalidade da existência universal, mas damos significado aos cinco minutos em que cá estivemos.

4 Comments:

At 7:11 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Pois ja faltavas tu luigi... com comentarios sempre recheados de qualidade, ideias originais temperadas com um pouco de humor, entre outras incontaveis qualidades, as qualidades necessarias e mais que suficientes que apontavam na direcçao da criaçao do teu proprio blog.
O thinktobe ja existe e logo neste post sobre a realidade da futilidade da vida e a importancia do amor nela para melhor a apreciarmos, apresenta ideias que concordo sem questionar, ja que se enquadram precisamente na minha maneira de a ver.
Passo a sublinhar duas ideias expressas no texto que realçam o seu conteudo e que sao, a vida é realmente mesmo boa, e a convergencia da felicidade em geral numa linha comum, o amor, é sem duvida uma verdade irrefutavel.
Optimo texto mesmo, so queria acrescentar, que o amor, na vertente aplicada aos amigos é sem duvida tambem muito importante para uma felicidade completa se é que isso existe. good vibes jon

 
At 7:44 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Que bonito..... mas não pega :P

Para já considero uma provocação dizer que é inteligente e corajoso os que admitem não estar cá "por uma razão". Então os que acreditam em algo mais são o quê? Uns pacóvios?
Quanto à questão do amor parecer condição sine qua non de felicidade, isto é bastante mais complicado do que parece mas, por outro lado, menos etéreo. A verdade é que o nosso corpo segrega hormonas quando estamos acompanhados, sobretudo por elementos do sexo oposto, que induzem o bem-estar. Ou seja, ao fim e ao cabo, essa sensação não é mais do que o resultado duma "droga" injectada pelo nosso próprio corpo. Com que objectivo? Pura e simplesmente fomentar a vida em sociedade e a procriação da espécie. Na verdade, o ser humano é um ser anatomicamente frágil e só se conseguiu desenvolver através da vida numa comunidade que se defendia a ela mesma. Também a procriação só é possível porque é algo que nos faz sentir bem, caso contrário haveria ainda menos filhos do que já há no mundo ocidental. E há cada vez menos filhos, bem como relações duradouras entre um homem e uma mulher porque hoje em dia arranjamos cada vez mais substitutos dessa tal "droga". É assim a Biologia...

 
At 6:34 da manhã, Anonymous Anónimo said...

que cientifico... mas nao pega
Nao costuno fazer isto, mas tenho mm que comentar um comentario de um blog que nao é meu.
Realmente explicar e simplificar relaçoes sociais amorosas entre humanos atraves da chamada biologia é ousado, inutilizando por completo outro tipo de ciencias como a sociologia e a psicologia, entre outras, que vendo as coisas dessa maneira nao servem de muito ou quase nada ja que as nossas relaçoes amorosas estao explicadas atraves da segregaçao de hormonas, estando entao tambem explicados o porque do final de tantos namoros e casamentos, a paragem de segregaçao por parte do corpo humana das tais hormonas.
Ja agora quanto ao facto da procriaçao so ser possivel pelo facto de nos fazer sentir bem, senao ainda existiria uma taxa de natalidade ainda menor, tambem parece ser um argumento valido, ja que a evoluçao dos metodos contraceptivos nada contribui para esse facto nem o facto da emancipaçao da mulher ao longo das ultimas decadas ter levado a que tivessem muito menos tempo para o estabelecimento de familia, dada a crescente importancia da mulher no mercado de trabalho e as suas consequentes carreiras, isso realmente nao parece relevante, ja que isso apenas acontece porque cada vez mais arranjamos substitutos para a tal droga. Sinceramente quando li essa observaçao dos substitutos so me lembrei de um amigo meu a contarme que quando tinha 16 anos tinha uma namorada que so queria pocriar e até lhe ligava a combinar, mas ele nem queria saber, so lhe apetecia jogar computador ou playstation, este sim sem duvida um belo exemplo de um substituto, a playstation.
Mas pronto deixando-me de ironias, gora em jeito de conclusao, quero deixar uma mensagem pessoal para o pessoal que comenta: se querem comentar, ou fazem comentarios desprovidos de qualquer nexo ou sentido, e esse tipo de comentarios sao aceites pelo que sao , comentarios sem nexo... ou entao se querem comentar um texto comentem mesmo sobre o texto, ja que nao me parece correcto começar a despejar alguns conceitos, geralmente de uma cultura adquirida que vem revestida de uma necessidade extraordinaria de se mostrar, sobre algo que o texto contenha e esquecer o que realmente ele trata. Neste caso nao me parece que seja suficiente argumentar que a convergencia comum de amor e felicidade nao é assim tao simples porque o corpo humano segrega hormonas produzindo um estado de bem estar, ja que nao estando tao bem informado cientificamente, nao me parece provavel que essa seja a formula cientifica de amor, ja que eu nao me apaixono por todos os seres do sexo feminino com que estou, nem me parece que o amor que sinto pela minha mae seja na base hormonal etc. mas sinceramente nao me quero alongar mais ja que isto de comentar comentarios é um mau habito, mas nao sendo um cientifico tecnicista, custame ver uma coisa como o amor relacionado com a felicidade posto num plano deste tipo. peace and luv jon

 
At 12:54 da tarde, Blogger Luís Almeida Fernandes said...

Na minha opinião as ciências humanas serão o cerne da investigação no século XXI. Claro que dentro desta linha a biologia também terá um papel a cumprir, mas mais no sentido de compreender o funcionamento neurológico que o demasiado simples sistema hormonal. De resto, a psicologia, sociologia e afins dominarão por completo esta evolução intelectual antropocêntrica que revolucionará a forma como nos vemos.
Assim sendo, a postura retrógrada de quem olha para o ser humano como uma mistura facilmente analisável de substância químicas está condenada a perecer no seio de visões mais realistas. Digo apenas que nem o amor da minha cadela por mim é de carácter hormonal, como é possível pensar que o amor humano o seja!
Disse ao comentador em questão que não ia contra-comentar os seus escritos, mas com a intervenção do meu brother achei-me na obrigação de rematar a questão. Gostei da polémica que se instituiu!

 

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