sexta-feira, janeiro 14, 2005

The Sopranos



Ser mau dá estilo. Sempre que nos colocamos dentro da cabeça de uma pessoa equilibrada (sem patologias psicológicas) mas desligada dos princípios morais generalizados socialmente sentimos uma atracção misteriosa. Por vezes surge como admiração, outras vezes como respeito temeroso, mas o facto é que está sempre lá aquele bichinho nervoso da inveja.
A própria arte cinematográfica tornou o ladrão cool. Os heróis convencionais raramente se apresentam com a mesma capacidade apelativa dos vilões protagonistas. A capacidade de contornar as leis que a sociedade dos outros criou para nos reger será sempre fascinante aos olhos das ovelhas bem-comportadas... Vemos no ladrão ou no assassino uma pessoa instintiva e autocrata, pura no verdadeiro sentido da palavra, e todas as nossas restrições pessoais tomam a sua real dimensão e tornam-se assustadoras.
Somos todos violentos ladrões em potência, não há como negá-lo.

1- Face a este aparente problema surge uma solução evidente: libertar os instintos malévolos e dar asas à criatividade criminosa! Fazer do errado uma arte... Se te apetece fazê-lo e sabes fazê-lo bem (sem ser apanhado, entenda-se), então porque não?! Porque outros decidiram ser errado? Trata cada acção de maldade instintiva como uma pincelada na tua tela vermelha e solta toda a tua raiva no mundo!

2- No entanto, devemos compreender que a capacidade de controlar esses impulsos primários é algo de enaltecer. Se aceitarmos as normas gerais como algo por que pessoalmente optaríamos, o acto de quebrá-las perderá metade da sua razão. O fascínio pelo crime é saudável, mas apenas se for sentido conscientemente.

1 ou 2? Ainda não tenho a certeza.

4 Comments:

At 12:13 da manhã, Blogger Conceição Paulino said...

É certo k o "vilão", em termos de construção da personagem é sempre´+ apaelativo, interessante e eintenso, mas penso k tal se deve ao grau de dificuldade por fugir tanto ao comum dos mortais. Não ao fascínio k possamos sentir - quase inveja como dizes. Acrdeditas mesmo nas hipóteses k avanças ou estás a fazer explorações de hipóteses?

 
At 1:03 da manhã, Blogger Luís Almeida Fernandes said...

Questionar o conceito de bem faz parte da nossa própria descoberta. Nesse sentido, acredito realmente nas hipóteses que ponho.
O meu grande objectivo neste post era propor uma postura de aceitação do criminoso (e quem diz criminoso diz racista, agressivo ou qualquer outro defeito universalmente tomado como tal) como alternativa à postura de crítica. Simplesmente vê-lo como alguém que escolheu explorar-se de uma forma diferente da nossa.

A fuga ao comum só é valorizada quando existe outro motivo de fascínio. O desagradável, por mais incomum que seja, nunca é valorizado...

Obrigado pelo teu comentário e volta sempre!

 
At 1:16 da tarde, Blogger AnaP said...

Olha... vou pensar no assunto. Entretanto, vou ver se vou ali ao mini-mercado fanar um chocolate... ;-)
Beijocas

 
At 5:07 da tarde, Blogger Miriam Luz said...

Hum… eu cá ia pela segunda! O desafio está, como dizes, em ser capaz de seleccionar o que pode e o que não pode ser revelado. E se socialmente (e sociologicamente) roubar é considerado comportamento desviante, então ninguém deverá querer ser ladrão (ou mostrar que é ladrão). Quem o faz mostra, sim, uma incapacidade de controlo de personalidade, ainda que muitas vezes sinta que faz o contrário: “A própria arte cinematográfica tornou o ladrão cool”
(E ser o bom da fita costuma dar bons resultados…)

E agora respondendo ao teu comentário ao "Cópula"…

Então e se pensares inversamente Luís? Repara: as tais “imposições estruturais” do soneto obrigam efectivamente a que a forma seja aquela. Mas talvez o conteúdo preceda a forma, ou seja, escrevo em soneto, porque a estrutura de certo modo se adapta ao conteúdo que escrevo. Toda a carga dramática dos sonetos, toda aquela descrição de sentimentos que culmina no último terceto, ou até no último verso, exige precisamente uma forma mais “extensiva” numa primeira fase (as duas primeiras estrofes) e um acelerar de emoções nos dois tercetos.
Quanto à rima: reconheço que muitas vezes condiciona o que se quer transmitir, porque o soneto é, como bem disseste, rígido, daí ser muito raro vê-lo em rima branca… E mesmo a rima que normalmente uso nas duas quadras nem é das mais consensuais no que toca aos sonetos (ABAB).
Outra crítica que tenho recebido prende-se com a métrica dos versos (ou a falta dela). Penso que a métrica sim, limita mesmo muito a transmissão da ideia, daí não me preocupar excessivamente com isso. Tenho cento e tal sonetos escritos e só um ou dois são integralmente escritos em versos decassilábicos ou pelo menos metricamente perfeitos.
Imagina lá estar a escrever um soneto e ter que me preocupar com: conteúdo, rima, metria, recursos estilísticos, etc. Acabaria por ser muito forçado… =/
Mas deixa lá… Tu serás o eterno rebelde literário e eu a eterna amante dos sonetos! ;)

Ainda bem que gostaste Luís.
Um beijinho*

 

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