segunda-feira, janeiro 24, 2005

Meet Joe Black



Todos vamos morrer um dia, e isso dá-me uma certa satisfação. Aprecio o final da minha vida em toda a dimensão das suas características, embora não tenha qualquer desejo de o apressar.
A fluidez, o dinamismo constante da génese humana e universal concede a cada um de nós um papel de escassos segundos na escrita errónea da evolução, permitindo-nos valorizar a nossa existência como algo que não é e nunca será: importante. Tudo o que somos é um acaso probabilístico sem causa nem consequência, uma gota de matéria que estranhamente saltou do mar imenso e conseguiu olhar lá para baixo (as que não estão ofuscadas por uma atroz ignorância), apenas para novamente cair e divergir nas águas revoltas perdendo a sua identidade.
Olhar para o Mundo como uma história imensa da qual fazemos parte, tanto como qualquer pedra ou árvore, em vez de o vermos apenas como o palco da nossa historieta miserável traz invariavelmente alegria superior e paz de espírito. Dá-nos o desejo de voltar a cair! Vamos esquecer as ilusórias visões teológicas de deuses e demónios que nos ofuscam as ideias. Vamos deixar para trás a postura antropocêntrica de narcisismo injustificável. Olhemos o Mundo, as coisas, os átomos e os mistérios físico-químicos! São eles a regra primordial e o milagre divino... Somos nós.
Não me preocupa o momento da morte física. Preocupa-me, isso sim, o recente momento da minha morte sentimental. Porque, apesar de não ter qualquer significado, gostava de saborear os instantes da minha existência.

4 Comments:

At 9:55 da manhã, Blogger AnaP said...

Pois é... da vida a única coisa que podemos ter a certeza é que vamos morrer. A vida é mórbida, irra! Beijinhos!

 
At 3:10 da tarde, Blogger Conceição Paulino said...

Meet Joe Black foi um filme não muito amado. Pessoalmente gosto dele.Qnt à mote sentimentalela n/ ocorre enqt estivermos vivos. Físicamente vivos. Bjs e ;)

 
At 2:12 da manhã, Blogger Euzinha said...

Acho a morte mto triste, mas é a unica certeza que nós temos e cmo Sartre disse, graças a ela o homem torna-se um ser de possibilidades...
Bjo
Carol
www.mudando.blogspot.com

 
At 4:55 da tarde, Blogger Joana said...

Tiraste-me as palavras da boca. Aquilo que me assusta na morte não é tanto a morte física mas o fim da existência emocional. Somos todos únicos e insubstituíveis...
Um beijinho grande Luís

 

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