quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Studio 54



Dando voltas e voltas tudo parece desfocado. Cobrimos a vida com uma bruma tão densa de vivacidade que o seu sentido se perde numa mescla conexa de cores berrantes. Rodamos sobre nós próprios em actividades intensas e perdemos a noção de tempo, esquecendo as dúvidas dolorosas sobre o objectivo da existência.
Nesta roda-viva de acções supérfluas, em que todos os momentos são necessariamente ocupados e a solidão é intolerável, vamo-nos vacinando contra as dolorosas reflexões existenciais. Subtraímos pensamentos ao somarmos experiências e agarramos a vida pelo seu núcleo em vez de a agarrarmos pelo conceito! A aventura do corpo bloqueia a aventura da mente.
A vida activa é uma substância psicotrópica legal e universalmente utilizada pelos corpos corajosos com psiques cobardes.

4 Comments:

At 1:06 da manhã, Blogger Miriam Luz said...

Não me canso de repetir que gosto mesmo muito do que escreves Luís.
As duas últimas frases são... tudo.
Beijinho =) *
Litostive
http://litostive.blogspot.com

 
At 2:01 da tarde, Blogger AnaP said...

E há quem não faça mais nada senão meter comprimidos à goela para se esquecer de pensar e de existir.
Um beijinho*

 
At 11:56 da tarde, Blogger Joana said...

Começo por dizer que as tuas reflexões são sempre muito interessantes. São mesmo.
Este post tem uma lógica muito pertinente e sobretudo com a vida de hoje.
No entanto essa dicotomia mente-corpo cada vez menos me faz sentido. Talvez desde que li o clássico do Damásio 'O erro de Descartes' e me fizeram perceber que o futuro da ciência e o desafio que se coloca para o próximo século é aproximar as ciências 'da mente' àquelas de cariz mais puramente biológico. na realidade não somos corpo e mente separados, logo só faz sentido olhar para o homem como ser uno.
Mas já divago se calhar.
Beijinho grande

 
At 3:25 da tarde, Blogger Fátima Santos said...

Reflexão muito interessante e escrita, claro!:), de modo original! a dualidade a bipartição do que deve ser uno...o fazer par esquecer...isto e muito muito mais neste teu texto! Abraço, Luís.

 

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